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A HISTÓRIA PARA QUEM TEM PRESSA EM APRENDER

MARCOS COSTA

  • Foto do escritorMARCOS COSTA

UMA REPÚBLICA NÃO PROCLAMADA

O imperador foi avisado por telegrama em Petrópolis de tudo que havia ocorrido. O ministério estava deposto e que era preciso tomar providencias. Já no Rio de Janeiro, estabeleceu-se no paço imperial um gabinete para gerir a crise. Estava tudo sob controle, tratava-se apenas de arranjar um primeiro ministro que fosse simpático nem tanto às forças armadas, mas a Deodoro. Este sim era um fato novo. A queda ou a troca de ministérios era corriqueira, mas nunca havia ocorrido por intervenção de outro que não o imperador.

O ministro deposto – Ouro Preto – indicou ao imperador o nome de Gaspar Silveira Martins que se encontrava em Santa Catarina. O nome do experiente José Antonio Saraiva era o mais indicado para contornar a crise. Desafeto histórico de Deodoro, mesmo imediatamente descartado pelo imperador, o nome de Gaspar Silveira para compor o novo ministério foi um divisor de águas na história do golpe republicano.

Alguém do gabinete de crise fez com que a mera sondagem em torno do nome de Gaspar Silveira chegasse até aos ouvidos de Benjamin Constant. Ato contínuo, Benjamin – que procurava convencer Deodoro a avançar para além da deposição do ministério e caminhar em direção à república – havia encontrado enfim o impulso que faltava para despertar a ira de Deodoro contra a monarquia. Em qualquer momento entre a madrugada e a manhã do dia 16 de novembro, Deodoro cedeu às pressões dos republicanos e por um capricho pessoal mais do que por uma convicção política, resolveu pela queda da monarquia e a instauração da república. Não houve revolução nenhuma, nem participação popular. E por mais que tente, o quadro pintado por Benedito Calixto sobre o 15 de novembro de 1889, consegue apenas exprimir com cores idílicas um episódio que na verdade não existiu.

A transição da monarquia para a república no Brasil ocorreu de forma quase imperceptível. Foi uma farsa. Não alterou em nada a rotina do povo, da cidade, do país. Não passou, portanto, de um arranjo de forças políticas e econômicas que vinham se digladiando desde o 13 de maio de 1888 com o fim da escravidão, esta sim uma revolução social.



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