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A HISTÓRIA PARA QUEM TEM PRESSA EM APRENDER

MARCOS COSTA

  • Foto do escritorMARCOS COSTA

O BRASIL HOLANDÊS

Consolidada a conquista de Pernambuco, em 1637, toma posse como governador da colônia holandesa o conde Maurício de Nassau. Embora por um lado a Companhia das Índias Ocidentais tivesse claros interesses comerciais, por outro, não deixou também de implantar certos preceitos civilizatórios que nenhum outro povo que esteve, de uma forma ou de outra, em terras brasileiras, se preocupou em fazer.

Maurício de Nassau trouxe ao Recife uma comitiva composta pelos pintores, Frans Post e Albert Eckhout, escultores, astrônomos, os cientistas Willem Piso e George Marcgrave, autores da célebre obra Historia Naturalis Brasiliae, os historiadores Barlaeus e Nieuhoff, o arquiteto Pieter Post entre outros intelectuais e artistas consagrados na Europa.

Promoveu grandes melhorias urbanas, como o calçamento de ruas com pedras, além da construção de casas e pontes. O suntuoso Palácio de Friburgo, que servia de residência ao governador e possuía um jardim zoológico e um jardim botânico. O Conde João Maurício de Nassau-Siegen governou o Brasil de 1637 a 1644 e sua administração ficou marcada pela preocupação do desenvolvimento dos centros urbanos, de canais para evitar inundações, pontes, escolas, teatros, hospitais, asilos, estradas e fortes. Construiu a primeira sinagoga das américas, em 1636, a Kahal Zur Israel . Permitiu o funcionamento da imprensa, criou bibliotecas, museus e um observatório astronômico, transformando assim o Recife na cidade mais desenvolvida do Brasil na época, contrastando de forma brutal com a miséria e a pobreza de outras cidades brasileiras. O capitalismo com viés civilizatório dos holandeses contrasta brutalmente com o capitalismo meramente predatório dos portugueses após a restauração em 1640. Se tivéssemos continuado holandeses, certamente nosso destino teria sido outro.

Com a união ibérica, o país foi coberto pelo manto do atraso e do irracionalismo da contra reforma. A perseguição religiosa e a instabilidade política fizeram com que os holandeses, uma vez dominados os aspectos técnicos e organizacionais da produção do açúcar nos trópicos, iniciassem nas Antilhas uma produção semelhante a que faziam no Brasil.

Quando deixaram ou foram expulsos do Brasil em 1654, já depois, portanto da restauração portuguesa em 1640, a produção de cana de açúcar no Brasil foi profundamente afetada e teve início, no complexo produtivo do Nordeste, um ciclo irreversível de decadência. Não por acaso, em 1763 a capital do país vai ser transferida do Nordeste para o sudeste, da cidade de Salvador, para a cidade do Rio de Janeiro. Período que coincide também com as entradas e bandeiras e a descoberta de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais. Para os portugueses, o mundo colonial começava de novo, do zero.



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