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A HISTÓRIA PARA QUEM TEM PRESSA EM APRENDER

MARCOS COSTA

  • Foto do escritorMARCOS COSTA

BÉLLE ÉPOQUE RIO DE JANEIRO

Embora o senso de 1872, encomendado pelo imperador, tivesse revelado a face de um país ainda extremamente rural, patriarcalista, atrasado economicamente e fortemente dependente da exportação de commodities, nos últimos vinte anos desde a pequena revolução econômica operacionalizada a partir dos anos 1850, alguma coisa havia mudado. As novas gerações já eram mais cosmopolitas e mais suscetíveis às influências das culturas inglesas e francesas. O Rio de Janeiro, que era a capital do império estava na vanguarda do país em termos de modernização. A cidade vinha ganhando sistematicamente a abertura de novas ruas e avenida, calçamento, iluminação a gás, linhas de bonde. Seguindo as tendências da moda, abriam-se solares, cassinos, salões de bailes. Roupas, penteados e perfumes seguiam as tendências europeias. Surgiram confeitarias, charutarias, livrarias, hotéis, teatros, cabarés. Nunca antes o país havia sido envolvido por uma febre de transformações tão intensas como as que ocorreram entre os anos de 1850 e 1870. Nesses vinte anos deu-se início à longa passagem à urbanização e à cultura das cidades. Nesse ambiente a vida rural tradicional e a escravidão começaram a sofrer a pressão imensa da mudança. O país se dividiu, desse modo, entre duas mentalidades que passaram a se hostilizar reciprocamente. Eram dois mundos em guerra permanente. A dinamização do consumo interno aumentava as receitas da monarquia, cuja renda advinha – o grosso – das exportações de café, o que também mantinha a monarquia nas mãos dessa elite. Para a monarquia a diversificação econômica e a modernização do país renderia cada vez mais dividendos. O latifúndio gera riqueza para pouca famílias. A industria, o comércio e o trabalho assalariado geraria mais poder aquisitivo e giraria a roda da econômia: maior mercado consumidor, maior a produção, maiores as vendas, que geram mais empregos, que gera mais consumo, assim infinitamente, na lógica de uma sociedade capitalista liberal. Essa era a geração da princesa Isabel, que nasceu em 1846, e havia crescido numa sociedade carioca que já se encontrava relativamente diversificada, mais urbana e já crítica em relação à presença do trabalho escravo. Para a princesa Isabel estatista e herdeira do trono, é claro que a monarquia deveria seguir o fluxo das mudanças e se conectar com o mundo novo.



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