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A HISTÓRIA PARA QUEM TEM PRESSA EM APRENDER

MARCOS COSTA

  • Foto do escritorMARCOS COSTA

A TOMADA DE CEUTA COMO PONTO DE PARTIDA

Eufóricos com o sucesso em Ceuta e com o infante D. Pedro prospectando informações pelos continentes africano e asiático, Portugal segue no seu processo de expansão comercial e marítima por caminhos completamente inusitados e até desprezados. As terras ao sul do oceano atlântico eram imprestáveis para o comércio. Contrariando esse senso comum, em 1419, no reinado de D. Henrique, o arquipélago que tem na ilha da Madeira e do Açores as suas principais ilhas, foi descoberto por João Gonçalves Zarco e Tristão Teixeira.

Em 1434 Gil Ianes e Afonso Goncalves Baldaia avançam para além do Cabo Bojador, que era o limite até onde se havia navegado em direção ao atlântico sul. A partir dali, o cenário era tenebroso. Relatos medievais falavam em monstros aquáticos, sereias, precipícios, sumidouros etc. Gonçalves Baldaia, em 1435, enfrentou o desconhecido e tocou a costa ocidental da África. A partir deste contato inicial, uma nova era se abre para o parco comércio português. Em 1441 Antão Gonçalves inicia um tipo de comércio que vai se tornar futuramente a menina dos olhos dos portugueses e objeto de intensa disputa comercial: o negócio com escravos. Além dessa mercadoria, outras afluem para Lisboa: ouro em pó, marfim e a pimenta malagueta. Um novo produto estava começando a ganhar terreno no aguçado paladar da nobreza europeia: o açúcar. Portugal vai ser pioneiro na produção desse produto, que demandava, no entanto, dois aspectos que eram escassos em Portugal: gente para trabalhar e terras. Esses problemas serão resolvidos com a anexação das ilhas. Nessas ilhas – Madeira, Açores – Portugal vai implantar um sistema de produção de açúcar baseado em três princípios novos para os padrões europeus: a monocultura, o latifúndio e o trabalho escravo.

Os portugueses ainda não sabiam evidentemente – não se pode prever o futuro – mas haviam acabado de criar nesses anos de prospecção de novos mercados dois padrões que se tornariam normas para o comércio mundial nos próximos quatro séculos. Primeiro o comércio e o tráfico de escravos e a produção e comercialização do açúcar. Segundo o pioneirismo na rota do atlântico sul, inicialmente entre a Europa, a África e o Oriente por meio da transposição do Cabo da Boa Esperança e em seguida a extensão desse sistema para a América. Nada mal para quem era nota de rodapé da vigésima página do livro dos países mais importantes da Europa.





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